Publicada por Filipe Pereira Em 13:52
Primeiramente irei abordar e fornecer algumas noções acerca da disciplina, Educação Comparada, e apoiar-me nos autores “apresentados e recomendados” nas aulas pelo meu mestre em Educação Comparada Prof. Drº. Casimiro Amado ( http://www.casimiroamado.net/ ), para então ao analisar o: Território; História; Economia; População; Cultura; Política e Actualidade; Sistema Educativo Geral; Ensino Superior; Ensino não Superior e tecer as minhas considerações a partir destes "pressupostos" como um leigo curioso e necessário à minha aprendizagem para a Licenciatura em Ciências da Educação, propus-me concluir este trabalho para o estudo na Ciência de Educação Comparada.

É importante focar que são as coisas de "fora da escola mais importantes do que as de dentro da escola. Isto porque a educação escolar é apenas parte da educação num sentido mais vasto e esta é parte da vida dos indivíduos e das sociedades. O nosso papel no âmbito da investigação em Educação Comparada deve, então, ser o de descobrir aquilo que designa como a força espiritual, intangível, impalpável, na qual se apoia o sistema escolar e que explica a sua eficácia. Essa força não se perceberá estudando os sistemas de educação estrangeiros pondo os olhos nos tijolos e na argamassa dos edifícios, ou nos professores e no alunos, mas é necessário para isso".
(Ideia fundamental de Michael Sadler)

No princípio da Educação comparada era através da literatura de viagens e os relatos de viajantes que existia a comparação na sua fase inicial em que a supremacia ou inferioridade eram comparadas.
Na Grécia Antiga: Tucídides, Heródoto, Xenofonte, comparam o modelo educativo ateniense
com o espartano e a educação grega com a egípcia e a persa.
Na Idade Média: Marco Pólo (1254-1324) e Ibn Khaldun (1332-1406).

Um primeiro sistematizador da ideia de Educação Comparada
O primeiro sistematizador da ideia de uma ciência da Educação Comparada foi Marc Antoine Jullien de Paris (1775-1848).

Há obras produzidas na Europa que já se aproximam do que esta ciência vai pretender fazer. Como é o caso da de F. A. Hecht (De re Scholastica Anglia cum Germania comparata, 1795, Friburg). Mais directamente Jullien de Paris pode ter sido influenciado por César Auguste Basset (Essais sur quelques parties de l’instruction publique, 1808, Paris). Na 3ª parte desta obra o autor trata “Sur l’utilité de faire, dans les Pays étrangers, des Observations concernant l’Éducation et l’instruction en général” e recomenda que seja nomeado na Universidade (na acepção napoleónica…) um comissário encarregue de “observar, comparar e expor os factos” educativos (p.85, citação de Berrio, XXIX). Segundo Berrio, o valor de Basset é menor do que o de Jullien pois só esse veio efectivamente a traçar o plano, o método e o conceito da Educação Comparada.

Já no Sec. XX Michael Sadler foi um entre vários inquiridores enviados oficialmente ao estrangeiro para estudar o sistema educativo de outro ou outros países com vista a dessa observação poder-se aproveitar na reforma dos próprios sistemas educativos.

Foi Kandel quem colocou em destaque o contributo inovador de Sadler como pioneiro de um amadurecimento teórico decisivo na história da Educação Comparada. Mais uma vez, no entanto, parece que esse papel não terá tido o relevo que se lhe poderia atribuir a um primeiro olhar. Há mesmo quem trace a história da disciplina sem lhe fazer a ele e à sua obra uma única referência, como é o caso de Val Rust. Uma ideia fundamental de Sadler, cujo texto-chave é o de uma alocução de 1900 (“How far can we learn anything of practical value from the study of foreign systems of education?”) é a noção aí exposta de que no estudo de um sistema educativo estrangeiro nunca devemos esquecer que para o percebermos devemos considerar que as coisas de fora da escola são mais importantes do que as de dentro da escola.

Isto porque a educação escolar é apenas parte da educação num sentido mais vasto e esta é parte da vida dos indivíduos e das sociedades. O nosso papel no âmbito da investigação em Educação Comparada deve, então, ser o de descobrir aquilo que designa como a força espiritual, intangível, impalpável, na qual se apoia o sistema escolar e que explica a sua eficácia.

Essa força não se perceberá estudando os sistemas de educação estrangeiros pondo os olhos nos tijolos e na argamassa dos edifícios, ou nos professores e no alunos, mas é necessário para isso “sair também para as ruas e para as casas das pessoas”.

Nesta altura, o seu pensamento e o dos seus ouvintes era, como desde os anos 30 do século XIX, o modelo escolar alemão e o sucesso alemão que estavam em causa. Pelo contrário, noutras “latitudes mentais”, ao mesmo tempo, para outros, era modelo inglês que mereceria ser o mais considerado e imitado. Edmond Demolins, à cabeça de uma multidão, entendia que a “educação nova” de raiz anglo-saxónica era de longe preferível à tradicional educação dos povos latinos e o desenvolvimento das escolas novas fez-se em nome do reconhecimento dessa suposta superioridade.

Mesmo que não seja especialmente densa ou longa a obra teórica7 de Sadler, ainda assim o importante é que ele teve o mérito de mudar o registo, de alterar o tom em que se passou a fazer a investigação em Educação Comparada. Na verdade, mais uma vez, podemos considerar que havia “no ar” uma nova sensibilidade científica, pós-positivista, da qual foi ele o porta-voz para a Educação Comparada.

Assim, mesmo que Sadler não queira dar crédito científico a ideias gerais e a princípios e noções filosóficas, o certo é que acaba por considerar que a ciência da Educação Comparada tem de ser mais do que uma mero exercício de compilação de informação factual acerca dos distintos sistemas educacionais.

Tem de consistir na procura das “molas secretas da vida nacional” as quais se encontram, simultaneamente como patologia e como remédio nas instituições educativas de uma sociedade. O “carácter nacional” é já para Sadler como continuará a ser nas próximas décadas a noção-chave da explicação do funcionamento interno de cada sistema educativo.

Tarefa completamente diferente da preconizada pelo diletantismo novecentista de quem supunha que a ciência comparada da educação pudesse ser capaz de tornar possível a transferência das melhores concretizações de um sistema educativo de um país para o sistema de um outro.

Nas palavras de Sadler nada disso se pode esperar da Educação Comparada: “Não podemos vaguear prazerosamente entre os sistemas de educação do Mundo como uma criança que passeia tranquilamente através dum jardim, e colher uma flor de um arbusto e algumas folhas doutro, e depois esperar que, se colarmos o que recolhemos no chão da casa, teremos [de novo] uma planta viva”.

Contudo, se a Educação Comparada não pode propor-se conseguir o mesmo que passou décadas a anunciar como sua missão, nem por isso ela é destituída de sentido e de utilidade.
Afinal, o título do famoso de texto de Sadler pergunta-se exactamente acerca da utilidade “prática” que pode haver no estudo dos sistemas educativos alheios.

A resposta integra a Educação Comparada no âmbito das Ciências da Educação: “O valor prático de estudar, num espírito correcto e com precisão erudita, o funcionamento dos sistemas educativos estrangeiros é que isso resultará na nossa melhor preparação para estudar e para compreendermos o nosso”.

Uma clara mudança de paradigma tanto nos métodos como nas finalidades atribuídas à disciplina. O desenvolvimento de outras ciências sociais e humanas como a antropologia cultural terá desempenhado um papel importante neste processo.

Então após ponderar estas considerações, juntei além do condicionamento da minha abordagem pessoal e para tornar esta mais "cientifica" apoiei-me em várias matérias que foram fornecidas pelo Drº Prof. Casimiro Amado, concretamente que de UMBERTO ECO que faço uma trancrição parcial na qual passo a apresentar.


O que é investigação?

Comecemos por uma opinião leiga: “Investigar é tentar descobrir algo que não se conhece.” Esta resposta é ao mesmo tempo demasiado abrangente e demasiado limitada. É demasiado abrangente porque engloba muitas actividades, porque muitos trabalhos de investigação consistem não em “descobrir uma coisa que não se conhece”, mas em “descobrir que há coisas que não se conhece”. Este tipo de investigação destina-se a reorientar o nosso pensamento, a fazer-nos questionar o que pensamos saber e a focar novos aspectos desta complexa realidade que é a nossa.

A investigação vai para além da descrição e requer um trabalho de análise. Procura explicações, relações, comparações, previsões, generalizações e teorias. Debruça-se sobre os “porquês”. Por que é que há menos mulheres a fazer doutoramentos na área de Física do que na área de Biologia? Por que é que encontramos diferentes níveis de escolarização em diferentes zonas do país? Por que é que em Cabo Verde o PIB por habitante está a aumentar mais lentamente do que os países da Europeus?

Todas estas perguntas requerem uma boa dose de trabalho de recolha de informações, tal como a tomada de decisões e a formulação de políticas. No entanto, as informações são utilizadas com o objectivo de desenvolver a compreensão - comparando, relacionando com outros factores, teorizando e testando as teorias.

Todas as questões que são objecto de investigação envolvem comparações, como pode constatar pelas expressões “menos do que”, “diferentes” e “mais lentamente do que”, empregues. Todas as questões que são objecto de investigação envolvem ainda uma generalização. Para serem úteis, as explicações têm de ser aplicáveis em todas as situações apropriadas.

Características de uma boa investigação
Uma boa investigação caracteriza-se por três aspectos distintos, mas interligados, que distinguem esta actividade de actividades como a recolha de informações, a tomada de decisões, entre outras.

1. A investigação baseia-se num sistema de pensamento aberto. Para o investigador, o mundo é, por princípio, a sua ostra. Pode debruçar-se sobre o que quiser.

Não existem sistemas fechados. A contínua experimentação, revisão e crítica que os investigadores fazem do trabalho uns dos outros, em seu próprio benefício, é uma forma importante de desenvolvimento do pensamento. As convenções e os pressupostos não são poupados a esta análise, pois podem revelar-se inadequados.

Claro que podem também não se revelar inadequados, podendo ser comprovados pela análise. É por esta razão que aqueles que não são investigadores encaram os resultados da investigação como sendo demonstrações do óbvio e enunciados triviais do conhecimento estabelecido.

Contudo, esta análise tem de ser continuamente efectuada, porque é assim que se detecta o que não é óbvio e se descobrem conceitos não triviais. A chave para uma boa pesquisa é ter em mente que a posição clássica de um investigador não é a de quem sabe as respostas certas, mas a de quem luta para encontrar o que poderão ser as respostas certas!

2. Os investigadores analisam os dados com espírito crítico.

Este aspecto da investigação faz, claramente, parte do primeiro. Descrevemo-lo separadamente, porque é talvez o elemento que melhor distingue a investigação das outras actividades e o investigador dos praticantes e dos leigos.

Os investigadores analisam os dados e as fontes de informação com um espírito crítico, para que a sua posição perante afirmações provocatórias (“as mulheres não são tão eficientes a chefiar como os homens”, “as drogas leves são menos prejudiciais à saúde do que o álcool”) não seja a de concordar ou discordar, mas a de perguntar: “Quais são os seus fundamentos?”.

Os investigadores vêem-se continuamente obrigados a perguntar: Os factos foram devidamente apurados? Não será possível obter dados mais precisos? Será que os resultados não podem ser interpretados de uma forma diferente? As pessoas que não se dedicam à investigação, normalmente, sentem que não têm tempo para isso e, por conseguinte, revelam-se impacientes perante a investigação. Os políticos e os gestores, por exemplo, têm muitas vezes de tomar
decisões sob pressão. A sua necessidade de agir é pois mais importante do que a de compreender.

As prioridades dos investigadores são, obviamente, diferentes. Têm de trabalhar muito para conseguirem obter dados sistemáticos, válidos e fiáveis, porque o objectivo dos investigadores é compreender e interpretar.


3. Os investigadores generalizam e especificam os limites das suas generalizações.

O objectivo da investigação é obter generalizações válidas, porque esta é a forma mais eficaz de aplicar as percepções a uma grande variedade de situações – mas surgem aqui algumas dificuldades. Não foi um investigador mas sim um escritor, Alexandre Dumas, que afirmou: “Todas as generalizações são perigosas – incluindo esta!”.

Com efeito, pode-se dizer que a investigação envereda por generalizações profundas mas perigosas, e é por isso que os limites da generalização – onde ela pode ou não ser aplicada – têm de ser continuamente testados.

A melhor maneira de chegar a generalizações é através do desenvolvimento de uma teoria explicativa, e é de facto a aplicação da teoria que transforma a recolha de dados em investigação.

Tipos de investigação básicos.

A investigação tem sido tradicionalmente classificada em dois tipos: pura e aplicada. No entanto, consideramos esta distinção – que estabelece que a investigação pura fornece as teorias e a investigação aplicada utiliza-as e testa-as no mundo real – demasiado rígida para caracterizar o que se passa na maior parte das áreas académicas, onde, por exemplo, a investigação do “mundo real” gera as suas próprias teorias e não se limita a aplicar teorias “puras”.

Vamos assim considerar a investigação em três vertentes: exploração, experimentação e resolução de problemas, aplicáveis tanto à investigação qualitativa como à investigação quantitativa.

Exploração

Este é o tipo de investigação que lida com os novos problemas/assuntos/tópicos sobre os quais pouco se conhece, pelo que não é possível, logo de início, formular muito bem a ideia a investigar.
O problema pode surgir de qualquer parte da disciplina; pode ser um puzzle de investigação teórica ou ter uma base empírica.

O trabalho de investigação terá de determinar quais as teorias e conceitos apropriados, desenvolvendo novas teorias e conceitos, se necessário, e verificar se as metodologias existentes podem ser utilizadas. Esta investigação implica, obviamente, ultrapassar as fronteiras do conhecimento na esperança de que algo de útil seja descoberto.

Experimentação

Neste tipo de investigação, tenta-se encontrar os limites das generalizações previamente propostas. Tal como referimos anteriormente, esta é uma actividade de investigação básica.
A quantidade de testes a fazer é infinita e contínua, porque, deste modo, conseguimos aperfeiçoar (especificando, alterando, clarificando) as importantes, mas perigosas, generalizações que são o motor de desenvolvimento da nossa área de investigação.

Resolução de problemas

Neste tipo de investigação, partimos de um determinado problema “do mundo real” e reunimos todos os recursos intelectuais possíveis para nos concentrarmos na sua solução. É necessário definir o problema e descobrir o método para a sua solução.

A pessoa que estiver a trabalhar nesta investigação pode ter de criar e identificar diferentes soluções do problema em cada uma das fases do processo. Esta investigação envolve, normalmente, uma grande variedade de teorias e métodos, muitas vezes abrangendo mais do que uma área, já que os problemas do mundo real tendem a “confundir-se” e dificilmente a sua solução está confinada ao universo limitado de uma disciplina académica.

Será principalmente através destas duas premissas (noção do que é educação comparada e métodos de investigação) que a apresentação do meu trabalho é focada e desenvolvida, aviso desde já que como leigo e um mero aprendiz na fase embrionária, que as minhas abordagens, fundamentos e informações recolhidas estejam contaminadas pela minha inexperiência e “olho” pouco treinado, daí chamar mais uma vez à atenção e focar o facto de este trabalho puder conter erros na informação recolhida como na interpretação e consequente apresentação dos dados!

Apesar do cuidado e na revisão que fiz dos textos, ele comporta ainda, certamente, algumas gralhas e até mesmo erros materiais, para quem os detecte e os possa confirmar, agradeço que sejam partilhados para o melhoramento e actualização deste Blogue em forma de mensagem ou e-mail e emendarei quando acha-los fidedignos.

0 respostas a ' '

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.

object width="425" height="344">